Quem um dia vai dizer que não tem razão as coisas feitas pela televisão?

A vida de Juliano Batista de Jesus era meticulosamente tranquila em seus vinte e oito aniversários completos. Vivia com a madrasta, felizes com suas galinhas ali em Capela de Cima, município de Vierinha. Juliano era dessas pessoas, tal chamadas “carentes” para os padrões da sociedade moderna. Era morador de comunidade rural, órfão, fanho, gago, pobre e virgem. Qual parcela de seres humanos coincide com os flagelos de Juliano? Uma pequena imagino. Mas ele era feliz. Sim! Há 4 anos, arrumara um trabalho no Centro Catequético Rural, seu primeiro, e como jardineiro mantinha a grama e as plantinhas da sede em perfeito estado. Comprou uma moto com o salário, uma vaquinha e mandara arrumar os dentes da senhora sua madastra. Há uns poucos meses atrás resolvera que ia por energia elétrica no casebre. Junto dela veio a geladeira e a televisão. Juliano não dormia com as galinhas mais. Tinha as novelas e os filmes para deixá-lo vidrado até de madrugada.

– Desliga esse trem Juliano. Vai deitar! – Rosnava da cama a velha.

– Tatatá mamamãe.

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